quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Operação Chapada Sem Fogo’ é lançada no município de Lençóis


O empenho na fiscalização e a ação de prevenção e combate aos incêndios florestais, no Território da Chapada Diamantina, foi o ponto alto do lançamento da 'Operação Chapada Sem Fogo', nesta sexta-feira (27), no município de Lençóis. Antecipada ao período de estiagem, a operação tem como foco a mobilização das comunidades dos 35 municípios da região devido às queimadas e incêndios florestais ocorridos nos últimos anos.

Exceção num universo de aproximadamente 380 mil habitantes do território, dos quais mais de 205 mil vivem na zona rural, o pastor Valdir José Santana, morador de Miguel Calmon, substituiu totalmente a agricultura tradicional pela orgânica. Ele sabe que os focos de incêndio são responsáveis pela grande parte de emissões de CO², na atmosfera, e tenta, por intermédio da palavra, tanto na igreja quanto no pedaço de terra doado pela prefeitura, sensibilizar seus seguidores.

Há mais de três anos, o ambientalista por natureza, como se autodenomina, utiliza podas de árvores, rume de vaca e cinzas das padarias, que seriam descartados no lixão e queimados para realizar compostagem (técnicas para controlar a decomposição de materiais orgânicos).“O ser humano vem interferindo no equilíbrio da natureza. Tudo que eu aprendi com a prática da agroecologia e pomarcultura eu tento transmitir. Toda a compostagem realizada aqui, as sementes e frutas são doadas”, explicou o pastor, que também trabalha com famílias carentes numa horta orgânica.

Manejo alternativo do solo

Considerando o processo histórico e cultural e a prática criminosa e sem controle das queimadas sobre a área vegetativa, o Comitê Estadual de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais, coordenado pela Secretaria do Meio Ambiente (Sema), promoveu, na quarta-feira (25), na cidade de Nova Redenção, um encontro envolvendo prefeitos dos municípios da Chapada, representantes de organizações, poder público, sociedade civil e setor empresarial, com o objetivo de fomentar a participação de vários segmentos da sociedade, além de definir estratégias para evitar os focos de incêndio.

“As ações de gestão ambiental de prevenção contra desmatamentos e contrabando de animais devem ser um compromisso do dia a dia. As atividades da campanha são fundamentais para estimular o manejo alternativo do solo, substituindo o uso do fogo como uma prática de limpeza para preparar a terra destinada ao cultivo”, disse o secretário do Meio Ambiente, Eugênio Spengler, destacando que a mudança de comportamento reflete na umidade, fertilidade e produtividade do solo.

Voluntários

De acordo com o diretor de Áreas Florestais da Sema, Plínio de Castro, o plano de prevenção e combate a incêndios conta com o apoio de 500 brigadistas voluntários. “Firmamos convênios com as prefeituras, com a finalidade de repassar recursos para as brigadas, fornecendo alimentação, transporte e Equipamentos de Proteção Individual (EPI)”. Ele também destacou a atuação do Instituto de Gestão das Águas e Clima (Ingá) no monitoramento constante de ocorrências de focos de calor.

“Muitos trabalhadores rurais costumam colocar fogo nas coivaras pela facilidade em que essa prática se dá e por acreditar que estão preparando a terra adequadamente. Com a ajuda dos bombeiros chegamos nesses focos, mas, muitas vezes, passamos a noite no local pela extensão da queimada e pelo difícil acesso”, explicou o presidente da Brigada Voluntária de Combate a Incêndios Florestais de Lençóis, Luiz Alberto, conhecido como Paru.

Precisão no combate

Esse acompanhamento só é possível por intermédio do sistema Sigweb-13 geo, que funciona como uma ferramenta de localização geográfica. As imagens de diversos satélites registram pontos de fiscalização, barragens, focos de queimadas, localidades, rodovias, hidrografia, limites interestaduais e zona econômica exclusiva da Marinha. Todos os dados são atualizados a cada três horas.

A diretora de Monitoramento e Informação do Ingá, Josane Calina, afirmou que quando os focos de calor são identificados, a equipe, formada por técnicos da Sema, do Instituto do Meio Ambiente (IMA) e da Companhia de Polícia de Proteção Ambiental (Coppa), do Corpo de Bombeiros e brigadistas, é acionada, além de receber boletins informativos.

Informação em movimento

O trabalho no Território de Identidade da Chapada conta também com o reforço do trailer do IMA, com equipes que se deslocam pelas localidades para dialogar com as pessoas sobre os riscos das queimadas e ações preventivas. A unidade já passou por Miguel Calmon, Bonito e Lençóis. Segundo a técnica do instituto, Fabíola Coutrim, a operação Chapada Sem Fogo busca conscientizar o pequeno, médio e grande agricultor a adotar novas maneiras de cultivo.

“Já realizamos mais de 72 reuniões, 24 audiências públicas e 61 autos de campo, penalizações por queima não controlada”, enumera Fabíola, sinalizando que, este ano, apenas 12 focos pequenos foram registrados e rapidamente debelados. A operação conjunta abrange desde a fiscalização participativa, por meio de reuniões, até a fiscalização corretiva, com a notificação das irregularidades ambientais.

Conforme o diretor do IMA, Pedro Ricardo, cinco equipes vão percorrer as cidades envolvidas. Até dezembro, a presença de fiscais em campo é garantida. “É necessário que as comunidades façam parte deste projeto. O governo não faz nada sozinho”.

Novas aquisições

A Coordenação de Defesa Civil do Estado da Bahia (Cordec) informou que já foram firmados convênios com 10 prefeituras para apoiar as brigadas locais. Foram anunciados ainda mais 15 convênios e a doação, por parte de empresas privadas, de 4,5 mil EPIs, que chegam neste sábado (28) ao Vale do Capão.

O coordenador adjunto da Coordenação de Defesa Civil do Estado (Cordec), Paulo Sérgio, informou a aquisição de duas aeronaves especializadas em combate a incêndio para dar suporte aos brigadistas. “Próxima semana, uma unidade da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) estará na Chapada para realizar exames de aptidão para brigadistas voluntários”.



Fonte: Agecom

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