terça-feira, 22 de setembro de 2009

UFBA investe em preservação de exemplares da mata atlântica


“A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la” (Cecília Meireles). A estação que era das mais festejadas em Salvador, com direito até mesmo a jogos estudantis, até meados da década de 1970, chega entre esta terça e quarta, mal percebida porque vem se instalado aos poucos. Um dos lugares onde ela vai ser sentida fica escondido em meio ao campus de Ondina, na Universidade Federal da Bahia (Ufba).



A área foi isolada há cerca de 20 anos, por determinação da reitoria da universidade, para que nela pudessem renascer os restos de mata atlântica que teimaram em resistir à ocupação humana na região.


“Nós não podemos falar em mata, mas sim em “indivíduos” isolados. São pés de murici, pau pombo, aroeira, cajazeira, jarauba, jatauba, ipês roxo, amarelo e branco, oiti-mirim e jenipapo, entre outros, que se constituem nos exemplares de uma mata secundária”, explica o agrônomo Pedro Rui, coordenador de Segurança e Meio Ambiente da Ufba (Cosema).


Pedro Rui é responsável pela comissão que Programa de Recuperação e Manejo Ambiental da Ufba, lançado na aula inaugural da instituição, que contou com a presença da senadora Marina Silva (PV). O programa interdisciplinar envolve o Instituto de Biologia, de Farmácia e de Geociências, além da Faculdade Politécnica, e teve início com a realização de workshops para reunir os projetos já existentes na universidade, informou o agrônomo.


O coordenador do Cosema explicou que o processo escolhido para a área foi o de recomposição ambiental, uma forma de fazer ressurgir vegetação em ambientes degradados. No final da década de 1980, a reitoria da Ufba decidiu que uma área onde havia restos do bioma da mata atlântica (encostas e área entre as escolas de Dança e de Letras) deveria permanecer isolada, sem construção ou agressão, e com a intervenção humana se limitando a deposição de material orgânico, sem plantio sistematizado.


Nesta segunda fase, prosseguiu Pedro Rui, será feito um trabalho de enriquecimento florístico e de coleta seletiva. Parte da mata é formada pelas chamadas plantas exóticas, a maioria ornamentais destinadas a jardins, que ou foram plantadas por curiosos ou cujas sementes foram trazidas junto com o material orgânico depositado. São sombreros mexicanos, ficus, amendoeiras, capim colonial e branqueara, acácias amarelas e palmeiras imperiais, entre outras, que vão ajudar no enriquecimento do bioma.


"O primeiro plano diretor da Ufba visava mais a construção de imóveis, mas o atual plano prevê a preservação de 40% da área de 500 mil metros quadrados ainda não ocupados nos campus da Ufba. Pretendemos que esta reserva seja permanente e que, em 20 ou 30 anos, a vegetação já contenha exemplares de primeira geração como jacarandás, perobas, vinhático, entre outras conhecidas popularmente como madeira de lei”, exemplifica o agrônomo.


Evolução - No futuro, acredita Pedro Rui, a reserva será utilizada basicamente com fins didáticos, atividade já iniciada com trabalho de levantamento de espécies desenvolvido pelo professor Ronan Cayres; como área de produção de sementes, principalmente de exemplares em extinção; como contribuinte na melhoria climática na região; e como área de contraponto visual em meio aos grandes edifícios.

Marjorie Moura, do A TARDE

Você acredita mesmo nisso? Campus(Concretus) de Ondina x Mata Atlântica. Verdade ou balela?

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