terça-feira, 18 de agosto de 2009

FUI PREZO POR DEFENDER A MINHA RPPN E REMANESCENTE DA MATA ATLANTICA.

Bom dia a todos!
Ontem estivemos reunidos no auditório do INGÁ (Eu, Cláudia, Júlia e Samantha) para a palestra sobre matas ciliares. Muito proveitoso!
Bem, gostaria de iniciar a semana com uma postagem um pouco triste que fala sobre a realidade à que as RPPNs estão sujeitas. Recebí de um colega, por email. Aí vai:

FUI PREZO POR DEFENDER A MINHA RPPN E REMANESCENTE DA MATA ATLANTICA.

Ontem fui prezo (e liberado no final da tarde), acusado de desobediência à Justiça (crime).

A juíza de Maraú (Bahia), Dra. Carine Nassri da Silva intimou meu pai (falecido ano passado) e minha mãe, (que se encontra na Europa) a ceder uma faixa de 15m para a instalação de uma nova rede de distribuição da COELBA de 138 KV. Ela não quis tomar conhecimento, que existe a RPPN Juerana (Portaria IBAMA 70/2002) também divulgada no livro “Minha Terra Protegida” (Aliança para a Conservação, SOS Mata Atlântica / CI e TNC).

Alem de não ser notificada a pessoa legítima, a Inventariante Isolde Hess, a juíza municipal não é capaz de interferir numa UC de administração conjunta com o IBAMA. Isso cabe apenas a um Juiz Federal.

Deixei claro ao Oficial de Justiça a questão da RPPN e da falha no processo e que não concordaria com a entrada da COELBA na minha área e a passagem da linha nova pela RPPN.

Forte policiamento (8) deu “segurança” ao cumprimento do mandato. Não usei a forca para impedir a entrada e deixei claro que na faixa dos 15 metros não reagiria.

Acontece que, para instalar esta nova linha, uma existente (de 13,8KV) tem que ser relocada. Para isso a COELBA iniciou ontem a derrubada de uma Capoeira tipo “matinha” (uns 20 x 60m) já fora dos 15m imposto pela juíza de Maraú.

Parei as máquinas me colocando à frente delas, para negociar a relocação para uma faixa mais adequada e sem necessidade da derruba da vegetação nativa. A COELBA não quis conversa, sentindo-se amparada pela decisão judicial, acionou a polícia, que me algemou e levou à delegacia de Maraú. Sou tratado como Criminoso!

O mais lamentável: A matinha parou de existir!

Mesmo sabendo que não é permitido a interferência na RPPN por uma linha de transmissão, precionado pela opinião pública, tentei negociar a compensação ambiental (e social), apresentando à COELBA projeto de um Centro de Formação Agro-Florestal que pretendo instalar aqui na Fazenda. Pedi que a COELBA apoiasse nos salários dos professores e na alimentação dos estudantes (filhos de agricultores da região). A resposta que recebi foi o Oficial de Justiça.

No processo não existe nenhum documento confirmando a Licença Ambiental do IBAMA, SEMA ou IMA.

O IBAMA (Ilhéus) não se desloca até esta RPPN sem ter assegurado diárias!!!

Os biólogos Leonardo Patrial e Fabio Copolla estão na área e confirmaram hoje a presença de mais um “Macuquinho Baiano”, Scytalopus Psychopompus nesta RPPN a 200m da nova linha. Dias atrás Leonardo havia me mandou esta mensagem:

E AI BETO, TUDO CERTO?
ABAIXO MAIS INFORMAÇÕES SOBRE A ESPÉCIES BANDEIRA DA SUA ÁREA.
VEJA QUE ESTA AVE É EXTREMAMENTE RARA E AMEAÇADA, ALÉM DE DEPENDER DIRETAMENTE DE ÁREAS ALAGADAS,
FATO QUE RELEVA A IMPORTANCIA DE PRESERVAÇÃO DA ESPÉCIE E HABITAT.
SUA POPULAÇÃO É EXTREMAMENTE PEQUENA, É UM BICHO QUE REALMENTE PODE SUMIR DO MAPA PRA SEMPRE.
ESTOU COM VC NESTA BATALHA
ABRAÇÃO
LEONARDO PATRIAL (Itacaré/Ba)

.../...

(A BirdLife estima de 50 a 250 indivíduos existentes, na nossa Fazenda já foram confirmados 5)

Alem do Macuquinho Baiano já foram registrados mais 6 aves em algum nível de ameaça, alem de muitas outras espécies animais e vegetais raros, como a preguiça de coleira, macaco prego do peito amarelo, bugio etc.

Quem poder me ajudar nesta luta?

Fico à disposição para mais informações e envio de imagens do acontecimento.

Abraços

Norberto Hess
RPPNs Juerana&Sapucaia

instituto Água Boa
Maraú - Bahia

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